Monday, December 8th, 2025

O terror domina o fim de 2025: sucessos controversos nos cinemas e pesadelos argentinos no streaming

O cenário do horror encerra o ano de 2025 com dinâmicas opostas, mas igualmente impactantes, dividindo a atenção do público entre as salas de cinema e as plataformas digitais. De um lado, temos uma franquia blockbuster que desafia a lógica da crítica especializada para quebrar recordes de arrecadação; do outro, uma obra brutal e elogiada do cinema latino-americano desembarca na Netflix para perturbar o sono dos assinantes.

Fenômeno de público e a divisão da crítica

Contrariando todas as expectativas negativas dos analistas de cinema, Five Nights at Freddy’s 2 consolidou-se como um sucesso absoluto de bilheteria logo em sua estreia. Dois anos após o primeiro filme da Blumhouse — adaptação da popular série de videogames de Scott Cawthon — ter se tornado a maior bilheteria de terror de 2023, a sequência arrecadou impressionantes US$ 109 milhões globalmente em seu fim de semana de lançamento. Embora não tenha alcançado a estreia astronômica de US$ 160 milhões do antecessor, o valor foi suficiente para garantir o primeiro lugar nas bilheterias domésticas, somando US$ 63 milhões apenas nos Estados Unidos.

Esse triunfo comercial ocorre em meio a um dos maiores abismos entre crítica e público já registrados. No agregador Rotten Tomatoes, o longa amarga meros 12% de aprovação da imprensa especializada, contrastando brutalmente com os 88% de aprovação popular no “Popcornmeter”. Veículos de peso não pouparam o filme; a IGN, por exemplo, atribuiu uma nota 3/10, afirmando que a produção “dá má fama a sequências, adaptações de jogos e filmes de terror de entrada”. Ainda assim, a Universal Pictures projeta que o ímpeto nas bilheterias se mantenha, impulsionado pelo forte engajamento nas redes sociais e pelo “boca a boca” dos fãs.

Quebra de recordes e o futuro da franquia

O desempenho de Five Nights at Freddy’s 2 reescreveu diversos recordes do gênero em 2025. O filme garantiu a segunda maior abertura de terror do ano, ficando atrás apenas de Invocação do Mal: Últimos Ritos. Com isso, a parceria Blumhouse–Atomic Monster domina o mercado, detendo quatro das dez maiores estreias de terror do ano, lista que inclui também O Telefone Preto 2 e The Monkey.

Além disso, a produção estabeleceu a maior estreia doméstica para um filme de terror PG-13 em 2025, superando O Predador: Badlands, e cravou a maior abertura pós-Ação de Graças da história nos EUA, ultrapassando O Último Samurai. Para completar, tornou-se a maior estreia de terror para o mês de dezembro, superando Pânico 2. Diante desses números, Matthew Lillard, que interpreta William Afton, reforçou o desejo de que a trilogia seja completada: “Nossa esperança é fazer três filmes. Esse sempre foi o plano, mas tudo depende de como o filme se sai nos cinemas”, declarou o ator, o que agora parece ser uma certeza.

O horror visceral chega ao streaming

Enquanto os animatrônicos dominam as telonas, a Netflix aposta em um terror mais cru e psicológico com a chegada de O Mal que nos Habita. O cineasta Demián Rugna retorna à gigante do streaming com o título que foi considerado por muitos como o filme de terror mais perturbador e sangrento de 2023, trazendo uma narrativa desconcertante que foge dos sustos fáceis.

A trama desenrola-se no interior de uma pacata cidade argentina, onde os irmãos Pedro (interpretado por Ezequiel Rodríguez) e seu companheiro encontram um corpo mutilado próximo à sua propriedade. Ao se reunirem com os moradores locais para investigar, descobrem que o homem é um “encarnado” — um hospedeiro de uma entidade maligna que, segundo as crenças da região, pretende materializar-se fisicamente no mundo. O que se segue é uma tentativa desesperada de fuga antes que o ser maligno nasça, mas o tempo joga contra os protagonistas e o caos instala-se de forma irreversível.

Folclore e metáforas sociais

A obra de Rugna destaca-se por retomar o clássico tema da escatologia, unindo o folclore latino a escrituras religiosas sobre o fim do mundo. Diferente do horror comercial americano, O Mal que nos Habita utiliza a violência gráfica e o desespero não apenas para chocar, mas para construir metáforas sociopolíticas pontuais, denunciando as mazelas da sociedade contemporânea. É uma adição de peso ao catálogo da plataforma, oferecendo uma alternativa madura para quem busca algo além do entretenimento pipoca que atualmente lota as salas de cinema.